segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Divisor de Águas

28 anos depois, Everton e Juventus finalmente se encontrarão, na International Champions' Cup
   Na próxima quarta-feira (quinta, no Brasil), o Everton estreia na International Champions’ Cup, contra a Juventus. O jogo não é só um luxuoso amistoso, mas também marca o “esperado” encontro entre as duas equipes. A partida contra a Juve pode ser um divisor de águas, assim como foi em 1985.

   Ah, mas você deve estar se perguntando: “divisor de águas?”, “jogo esperado?”, “Em 1985? Como assim?”.  Vou explicar: a Juventus tem uma passagem marcante na história do Everton.

   Tudo isso começou em 1985. Na época, o Everton de Sharp e Gray era o melhor time da Inglaterra: havia vencido a Liga, a Recopa Europeia, e só não conquistou a FA Cup porque perdeu para o Manchester United, três dias após o jogo contra o Rapid Vienna. Durante sua existência, a Recopa Europeia era a segunda maior competição da Europa (a primeira era a Copa Europeia/Champions League; Copa da UEFA era a terceira). O campeão da Recopa enfrentaria o campeão da Copa Europeia na Supercopa Europeia. Em 1985, a Juventus vivia uma de suas melhores fases, e foi campeã do principal torneio europeu de clubes, diante do Liverpool.

   Entretanto, o jogo entre Bianconeros e Reds ficou marcado pelo incidente conhecido como Tragédia de Heysel, envolvendo hooligans do Liverpool e torcedores da Juventus, e que acabou matando 39 torcedores da Velha Senhora. Esse fato acabou mudando toda a organização do futebol inglês: todos os clubes da Inglaterra foram banidos de competições europeias por cinco anos, e o governo de Margaret Thatcher tomou medidas drásticas para combater o hooliganismo e a violência nos estádios, além de outras medidas envolvendo preços de ingressos, etc. As consequências foram positivas, diria: houve uma “reeducação futebolística” na Inglaterra, e a partir dessas mudanças, criou-se a Premier League. Porém, o lado negativo da história direcionou-se a Goodison Park: o Everton foi quem mais sofreu com essa história.

   Os Toffees tinham tudo para ganhar seu título da UCL e, quem sabe, construir uma bela história no cenário europeu. A exclusão de torneios europeus e, logicamente, a impedição de participar da Supercopa de 1985 marcaram o Everton: por causa disso o clube sofreu uma reviravolta em sua história. Sim, pois mesmo com o título da Liga em 1987 e a FA Cup de 1995, o Everton já passava por uma crise existencial.  A School of Science – apelido do time de 1984-1987 - foi se desmanchando, o clube começou a sofrer uma crise financeira e administrativa, ao mesmo tempo em que outros clubes (em especial o Man United) começaram a crescer de maneira significativa. Enquanto isso, o Everton tornou-se um clube datado, em meio a administrações ruins e campanhas medíocres na EPL.

   As coisas têm mudado de forma lenta, desde então. O Everton ainda não retornou ao caminho dos títulos, mas, digamos, desde a chegada de David Moyes, houve uma melhora considerável no que diz respeito ao comportamento do torcedor e do clube. Neste ano, justamente após a saída de Moyes, o Everton parece estar disposto a dar um passo adiante, e sua participação na International Champions’ Cup indica o atual objetivo do clube. Seja com a chegada do ambicioso Roberto Martinez, das quatro contratações feitas de modo surpreendente (visto que o Everton tem a tradição de contratar jogadores perto do período de encerramento da janela de transferências), o Clube do Povo quer, finalmente, construir seu legado no futebol moderno.

   Assim como o W.O diante da Juventus em 1985 indicou novos ares para o clube, espero que a partida contra a Vecchia Signora tenha o mesmo efeito. Que venha a Juve, que venha um novo Everton e junto a ele excelentes perspectivas!



COYB

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