sexta-feira, 30 de junho de 2017

Aos trancos e barrancos: a primeira temporada de Koeman no Everton


Por Luan Régio

Enquanto o título desta coluna - ou nosso "tradicional" resumo de temporada - possa parecer pessimista, não é essa a intenção: enquanto é possível dizer que a temporada 2016/17 do Everton foi bem sucedida, a primeira sob o comando técnico de Ronald Koeman, também existem argumentos que deixam em dúvida tal sucesso, ao mesmo tempo em que há muito o que melhorar. Mas, de qualquer forma, não podemos negar que as contas ficaram positivas no final, com o clube projetando melhores e maiores perspectivas para a temporada que se inicia em julho.

Koeman chegou ao clube com total apoio e confiança para um novo projeto em Goodison Park
O Everton foi firme quanto ao desejo de contar com o técnico holandês após a saída de Roberto Martinez do clube; havia uma cortina de fumaça sobre os Blues após a desastrosa última temporada do técnico espanhol e Koeman representava quase o oposto de Roberto naquele momento. Assim, havia também grande expectativa do clube e da maior parte da torcida quanto a um trabalho de alto nível assim que o holandês desembarcasse em Liverpool, muito pelos discursos de Bill Kenwright ao apresentar o novo comandante, e pela chegada de Farhad Moshiri à administração dos Toffees.

Sendo assim, o início de temporada dos Blues foi surpreendentemente positivo, com uma sequência de cinco jogos invicto (4 vitórias e 1 um empate), mesmo com um futebol ainda pouco convincente, mas compreensível por ter sido fruto de um trabalho em fase inicial. Após essa sequência bem sucedida, o time acabou entrando numa espiral descendente: a primeira derrota na Premier League veio contra o Bournemouth fora de casa, algo que acabou determinando o desempenho do Everton fora de Goodison Park. Desde a partida contra o Cherries, no final de setembro, até o início de dezembro, foram 5 derrotas (incluindo a goleada do Chelsea), 4 empates e apenas 1 vitória pela liga (contra o West Ham, em Goodison), fazendo com que o time saísse do Top 4 e estacionasse na zona intermediária da Premier League. Nesse período também ocorreu o primeiro "vexame" dos Toffees na temporada: o time foi derrotado em casa pelo Norwich e eliminado da Copa da Liga Inglesa, com a qual o clube nunca teve sorte (jamais venceu o torneio) ou muita dedicação.

A vitória contra o Arsenal foi o ponto de transição positivo dos Toffees na temporada
Foi apenas na partida contra o Arsenal, em Goodison Park, que o Everton voltou a dar sinal de vida, com uma vitória de virada que abalou as estruturas da Grand Old Lady. O baque na rodada seguinte, contra o Liverpool, não afetou o que se tornou a melhor sequência do time na liga, entre o final de dezembro e março: 8 vitórias, 3 empates e apenas uma derrota, para o Tottenham em White Hart Lane. Os Blues pareciam dispostos a encostar no Top 6, com o estilo de jogo direto de Koeman finalmente executado de maneira vistosa, conseguindo conciliar pela primeira vez performances e resultados.  As chegadas de Schneiderlin e Lookman, mais a promoção de Tom Davies ao time principal deram o gás necessário para tal sequência, além de Barkley, Lukaku e Gueye se destacando entre os demais jogadores. O período entre dezembro e março foi suficiente para isolar o Everton na sétima colocação, entre o pelotão da frente e a parte de baixo da tabela.

Mas como nem tudo são flores, é preciso lembrar também que o Everton não foi capaz de derrotar o então instável Leicester em Goodison Park, pela FA Cup, ainda na fase onde todos os times da Premier League entram na competição. Talvez o ponto mais baixo da temporada tenha sido o fato de Ronald Koeman e cia. não terem passado além das fases iniciais das copas domésticas, onde os Toffees teriam mais chances de sucesso "concreto" na temporada (leia-se: títulos). A partir da derrota para o Liverpool em Anfield, o time também estagnou na liga, muito por ter-se garantido precocemente na sétima colocação graças a diversas combinações de resultados de seus concorrentes na PL; outros fatores que colaboraram com o "troféu sétimo lugar" dos Blues na última temporada foram os vencedores da Copa da Liga e da Copa da Inglaterra, Manchester United e Arsenal respectivamente.

A partir da derrota para o Liverpool em Anfield, o Everton entrou em declínio na reta final da temporada
Outro ponto chave para o declínio do Everton na reta final da temporada foram as lesões de Funes Mori e Coleman no segundo turno do campeonato, deixando o time com poucas opções no setor defensivo e expondo o erro de não ter trazido mais reforços para o setor - e, de certa forma, no geral -  nas janelas anteriores. Algo que já acontece há algumas temporadas, a falta de um substituto à altura de Lukaku e de um armador também foram vitais para que o Everton não conseguisse alcançar melhores resultados. Nas últimas oito rodadas, foram três vitórias (todas em casa), três derrotas e dois empates, resultados que ainda assim deixaram os Blues na sétima colocação e lhes garantiram a "herança" da vaga na UEFA Europa League 2017/18.

Lesões como a de Coleman e a dependência dos gols de Lukaku também pesaram para a queda de rendimento do time nas últimas rodadas da Premier League
O retorno à parte de cima e a vaga em uma competição europeia foram objetivos "básicos" a serem conquistados, considerando a pompa em cima da chegada de Ronald Koeman à Finch Farm. Ainda assim, foram metas alcançadas e que representam um grande contraste em relação às duas temporadas anteriores, em termos de resultado, gerando justos elogios ao holandês. Porém o modo como esses objetivos foram alcançados deixam dúvidas sobre a qualidade do trabalho a longo prazo: a inconsistência do desempenho coletivo, as saídas precoces das copas e os maus resultados fora de casa precisam ser tratadas e corrigidas para a temporada que começa oficialmente amanhã. E esses são os desafios de Koeman e do Everton para 2017/18, que entrarão em uma nova prova de fogo com ânimos renovados e contratações de bom nível como Pickford e Klaassen (além das possíveis vindas de Sandro Ramirez e Michael Keane). O terreno para um grande futuro está sendo preparado, mas o  que o Everton será capaz de construir? Um futuro apontando para o passado de sucessos ou de fracassos? Apenas o comando atual pode responder tais perguntas. Que venha a nova temporada dos Blues!

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